[Resenha] Elantris - Brandon Sanderson


Sinopse: O príncipe Raoden, de Arelon, foi um dos tocados pela maldição que o levou a viver, ou a tentar sobreviver, em meio à loucura e maldições da cidade caída que, desde a maldição, tornara-se um cemitério para os que foram amaldiçoados. Prestes a se casar com Sarene, filha do rei de um país vizinho de Arelon – uma mulher que nem chegou a conhecer pessoalmente, mas que, mesmo com um casamento politicamente forçado, passou a conviver por meio de cartas – o príncipe é dado como morto, uma situação que parece ser irremediável, mas que precisa de explicações. E são esses mesmos esclarecimentos que Sarene procura ao chegar em Arelon e descobrir que tornara-se viúva antes mesmo de conhecer seu marido. E a partir daí começa a entender que terá que tomar conta de tudo sozinha, principalmente de um homem chamado Hrathen, um dos mais poderosos nobres, que está disposto a substituir o rei Iadon, pai de Raoden, para poder converter o país à religião Shu Dereth. Elantris, que intercala capítulos sobre Raoden, Sarene e Hrathen, é uma obra cheia de energia e histórias fantásticas que não permite que o leitor pense em outra coisa, senão, na cidade de Elantris e suas maldições.

Elantris é o livro de estreia de Brandon Sanderson, um autor bastante produtivo que já conquistou milhares de fãs no exterior, mas que só agora começa a aparecer no Brasil. Infelizmente, a LEYA não da a devida atenção que ele realmente merece. Mas espero que essa situação mude, já que a ALEPH comprou os direitos de duas séries, sendo que a 1ª (Steelheart) já deverá ser lançada aqui em 2016. E a 2ª (The Stormlight Archive) deve aparecer em 2017, e é considerada a melhor obra de Sanderson.

Elantris é bem lento no inicio, e isso me fez querer desistir da leitura várias vezes. Mas a persistência valeu a pena. O livro é dividido em 3 partes, e à partir da 2ª a ação começa e a história toma rumos muito legais. Chegando na 3ª parte, temos desfechos surpreendentes.  Para o seu primeiro livro, Sanderson mostrou um talento enorme para finais e reviravoltas.
"Elantris foi bonita, no passado. Era chamada de cidade dos deuses: um lugar de poder, esplendor e magia. Os visitantes dizem que até as pedras brilhavam com uma luz interior, e que a cidade tinha  extraordinárias maravilhas misteriosas. À noite, Elantris resplandecia como um grande fogo prateado, visível a grande distância.
Por mais magnífica que Elantris fosse, seus habitantes eram ainda mais. Com os cabelos de um branco brilhante e a pele quase tom de prata, metálico, os elantrinos pareciam resplandecer como a própria cidade. As lendas afirmam que eram imortais ou, pelo menos, próximos disso. Seus corpos se curavam rapidamente, e eram abençoados com grande força, sabedoria e velocidade.
Podiam fazer magia com o simples mover da mão; homens visitavam Elantris vindos de todo Opelon para receber cura, comida ou sabedoria. Os elantrinos eram divindades.
E qualquer um podia se tornar um deles.
Era chamada de Shaod. A Transformação. Chegava de repente, ao acaso – normalmente à noite, durante as misteriosas horas em que a vida desacelerava para descansar. A Shaod podia tomar um mendigo, um artesão, um nobre ou um guerreiro. Quando chegava, a vida da pessoa afortunada terminava e recomeçava; ela descartava sua antiga existência mundana e mudava-se para Elantris. Lá, podia viver em bem-aventurança, governar com sabedoria e ser venerada por toda a eternidade.
A eternidade terminou há dez anos."

Elantris foi uma cidade de Deuses, onde todos os habitantes tinham a incrível capacidade de manipular uma força chamada Dôr, simplesmente fazendo desenhos de símbolos, os Aons. Cada Aon é diferente, existe vários tipos e para várias finalidades, como cura, transporte, iluminação, fogo, etc. E cada Aon pode ser manipulado, acrescentando linhas adicionais e mudando ou concentrando seu efeito. Os Elantrinos eram seres incríveis, de pele prateada e cabelo descolorido, com sentidos e habilidades muito mais desenvolvidos que um humano normal. Não precisavam comer e por isso nunca se preocuparam em produzir alimento dentro de Elantris. Qualquer um podia ser um Elantrino, bastava ser escolhido pelo Dôr, e a transformação acontecia de noite, enquanto a pessoa dormia. Algumas pessoas se fizeram com a glória de Elantris, fundando cinco cidades ao redor da cidade magnífica. Uma delas é Kae, que serve de palco para os acontecimentos do livro.
Elantris
Mas em algum momento, tudo acabou. O Dôr já não podia mais ser controlado. Os novos Elantrinos agora eram atingidos pela Shaod, a transformação que deveria transformá-los em Deuses agora os transformava em cadáveres ambulantes. Suas mentes funcionavam normalmente, porem o coração já não batia mais, não podiam morrer, sua pele deixou de ser brilhante para se tornar uma pele leprosa, cheia de manchas horríveis, e o principal: a dor nunca acabava. Cada novo ferimento nunca se recuperaria, e sua dor seria eterna, se acumulando até levar o Elantrino a um estado de loucura, a Hoed. Por ordem do rei, todos os Elantrinos foram trancados em Elantris, a cidade foi fechada e somente novos Elantrinos poderiam entrar e nunca mais sair. Também por ordem do rei, nenhuma comida poderia ser fornecida, levando os Elantrinos a ter que se acostumar e conviver com a fome. Isso tudo aconteceu 10 anos antes dos eventos do livro.

O livro começa com Raoden, príncipe de Arelon, reino que abriga Elantris e a cidade de Kae, acordando e descobrindo que foi atingido pela Shaod.  O rei condena o filho para que seja aprisionado em Elantris, onde é levado com uma pequena quantidade de comida, a roupa do corpo e nada mais. O rei dá o filho como morto e providencia um enterro falso para o filho.
Elantrino antes, durante a Shaod, e como deveria ser
Ao entrar em Elantris, Raoden é assaltado por uma das gangues locais, que buscam qualquer tipo de comida, no desespero da fome chegaram a comer os livros da biblioteca da cidade. Acudido por Galladon, Elantrino que veio de outro reino, começa então a explorar e planejar um jeito de melhorar a atual situação de Elantris e entender o que aconteceu com os poderes de antes.

A outra personagem principal da história é Sarene, noiva de Raoden. Sarene chega de outro reino para se casar, num casamento arranjado para que os dois reinos possam ter melhores relações comerciais e diplomáticas. Porém, ao chegar, descobre que o noivo havia falecido. Pega de surpresa, a agora viúva Sarene decide ficar em Kae, para acompanhar a política local. Juntamente com seu Seon (seres de luz inteligentes feitos a partir de Aons), descobre uma conspiração entre alguns dos condes mais ricos da cidade para derrubar o atual rei. Essa conspiração foi criada pelo próprio Raoden, e Sarene sente que o dever dela é auxiliar esses nobres na luta contra o rei.
Aons
Já o terceiro personagem principal do livro se chama Hrathen. Sacerdote de uma religião obscura e pouco conhecida em Arelon chega à capital com o objetivo de converter os cidadãos e derrubar o atual rei, coroando alguém convertido à sua religião e assim estabelecer um novo reino sobre a influencia de sua religião. Ele e Sarene irão bater de frente algumas vezes. Hrathen ainda conta com a ajuda de Dilaf, sacerdote subordinado, misterioso e pouco confiável, que nutre um ódio enorme por Elantris e sua gente.
"– Sou Galladon, do reino soberano de Duladel. E, mais recentemente, de Elantris, terra da podridão, da loucura e da perdição eterna. Prazer em conhecê-lo."

A primeira parte do livro faz toda a apresentação dos personagens e começa a trama, mas de um jeito muito lento e maçante. Várias vezes pensei em desistir, mas decidi agüentar e, a partir da 2ª parte, o livro tem uma melhora significativa. O personagem Hrathen e a igreja que ele representa me pareceram uma crítica à igreja católica e evangélica (o autor é Mórmon). E nesta religião misteriosa residem muitos problemas do livro.

Já o meio e o final foram bastante intensos, e deixa um pequeno gancho que abre novas possibilidades futuramente, o que já ocorreu no exterior, mas no Brasil não existe previsão. Isso se a LEYA continuar lançando o autor no Brasil. Ultimamente, a LEYA só presta atenção na fantasia somente quando o nome G. R. R. Martin está envolvido no meio.
Raoden, Sarene e Hrathen
Quanto à qualidade: é boa. Possui uma grande quantidade de erros de português, como letras faltando, erro de concordância, palavra faltando ou repetida. Mas nada muito grave, não chega a atrapalhar a leitura, mas mostra certo desleixo na revisão. A impressão é boa, o papel é de boa qualidade, alguns Aons estão impressos no final do livro, mas nada muito incrível. A arte de capa, porém, é linda. Nisso a LEYA mandou bem. Brandon Sanderson fez uma boa estréia na literatura fantástica. Em breve, vou conferir Mistborn, trilogia também publicada pela LEYA, atualmente em seu 2º livro lançado no Brasil.
 
Ficha Técnica:
Título Original: Elantris
Autor: Brandon Sanderson
Editora: LEYA
Páginas: 576



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2 comentários:

  1. A premissa é muito boa e acredito que eu iria gostar da leitura, mas esses erros de correção provavelmente irão me irritar. Sempre presto mais atenção neles do que no texto. haha

    Desbrava(dores) de livros - Participe do top comentarista de dezembro. Serão dois vencedores!

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    Respostas
    1. Olá amigo.
      Então, estes erros são difíceis de engolir, mas não chegam a atrapalhar a leitura, só da raiva mesmo.
      No mais, se você conseguir vencer o teste de paciência q é a primeira parte do livro, terá uma leitura muito interessante.
      Grande abraço!

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